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 ESG Research: Claro, Ambev e Ultrapar

Trazemos nesta edição a atualização da nossa cobertura de Claro, Ambev e Ultrapar Participações. Para maiores detalhes sobre as análises e como integrar esses temas ESG na análise de empresas e decisões de investimento, consulte nossa equipe: esgresearch@nintgroup.com

A seguir, você encontra os principais highlights, avanços e lacunas no desempenho ESG destas companhias.

A Claro Telecom Participações S.A. tem como acionista controlador a América Móvil S.A.B. de C.V. (“América Móvil”), organizada e existente conforme as leis do México. A Claro é uma companhia que explora principalmente serviços de telecomunicações nacional e internacionalmente, bem como serviços de outras naturezas dentre dos quais a exploração de capacidade satelital, streaming, Serviços de Valor Adicionado – SVA e call center, além de comercialização e locação de equipamentos. Também atua no ramo de atividades de instituição de pagamentos. 

  

A empresa apresenta geração de energia de fontes renováveis, principalmente solar, ainda que não informe dados mais detalhados acerca desta questão. Conta também com o desenvolvimento de um projeto para auxiliar na economia de energia nos momentos em que o tráfego está baixo em suas estações. A ação foi desenvolvida em 2021 pela Claro Brasil e será posteriormente implementada em outras subsidiárias da controladora, América Movil. 

 

A Claro esteve envolvida em diversas controvérsias de vazamento de dados, apesar de contar com equipe especializada para lidar com o tema. Em 2023 foi multada em R$ 10,8 milhões por vazamento de dados cadastrais de diversos clientes. Em ambos os casos, a empresa respondeu afirmando que não tece comentários sobre decisões judiciais. 


Também em 2023, foi multada em R$ 3,8 milhões pelo Procon-MG por propaganda enganosa. Segundo o órgão, eram oferecidos serviços de internet com fibra ótica mesmo em regiões que não contavam com a disposição da referida tecnologia. A Claro teria faltado com transparência, uma vez que evidenciava a oferta do serviço em suas publicidades, mas sem especificar a restrição a determinadas regiões. 


No que tange aspectos de governança, nem o Conselho de Administração nem a Diretoria executiva da empresa contam com mulheres, bem como nenhum membro independente. 


A Ambev SA, é uma empresa brasileira que atua no setor cervejeiro. A Companhia produz, distribui e vende cerveja, refrigerantes carbonatados (CSDs) e outras bebidas não alcoólicas e não carbonatadas (NANC) nas Américas. 


A companhia apresenta uso de energias renováveis, com 50% da energia consumida sendo proveniente de fontes renováveis, também realizou uma ação pioneira ao inaugurar em 2022 a primeira cervejaria no Brasil a utilizar biometano produzido em aterro sanitário como fonte de energia sustentável. No gerenciamento de resíduos sólidos, implementou o programa Reciclar pelo Brasil em parceria com a Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (Ancat). Esse programa busca desenvolver a logística reversa e a reciclagem, profissionalizando as organizações envolvidas, aumentando a quantidade de resíduos coletados e elevando a renda média dos catadores. 


Em 2021, a companhia esteve envolvida em uma controvérsia na qual auditores flagraram 23 imigrantes trabalhando em condições degradantes para a transportadora terceirizada Side. As vítimas viviam nas cabines dos caminhões, sem acesso ao alojamento prometido no contrato, e, além disso, eram impostas taxas extras e descontos abusivos, como a cobrança pela concessão de uniformes de trabalho e pela nacionalização da Carteira Nacional de Habilitação. Após receber a denúncia, foram tomadas medidas imediatas para remediar a situação. Os motoristas foram levados para um hotel, onde receberam apoio e assistência necessária. No total, os 23 trabalhadores resgatados receberão uma indenização de 657.270 reais. 


Na Argentina, o Ministério do Desenvolvimento Produtivo, por meio de sua Secretaria de Comércio Interno, multou a empresa em aproximadamente US$ 1,53 milhão a Cervecería y Maltería Quilmes, subsidiária da Ambev, com base em acusações de abuso de posição dominante e práticas anticompetitivas destinadas a impedir concorrência no mercado cervejeiro argentino. 


Com relação à Governança Corporativa, conta com remuneração variável a todos os funcionários, incluindo diretores executivos e Conselho de Administração, sendo parte da remuneração atrelada às metas relacionadas às questões climáticas. Na composição do Conselho de Administração, 27% dos membros são independentes e 27% são mulheres, e o número de participação feminina na Diretoria Executiva é de 21%, o que indica uma baixa diversidade de gênero e pensamento nos cargos de liderança. 

A Ultrapar (Grupo Ultra) atua nos setores de distribuição de combustíveis e gás por meio de suas subsidiárias Ipiranga e Ultragaz, e oferece serviços de armazenagem para granéis líquidos por meio da Ultracargo. 


O Plano ESG 2030 do Grupo estabelece como meta que todas as subsidiárias sejam carbono neutro (escopos 1 e 2) a partir de 2025. Nesse sentido, desde 2021, a Ultrapar adquire apenas energia renovável certificada, por meio de I-RECs, ou por energia renovável adquirida do mercado livre. Com a rastreabilidade da energia consumida, a Companhia comprova que 100% da sua energia vem de fontes renováveis e, portanto, compensa suas emissões indiretas de gases de efeito estufa provenientes da aquisição de energia elétrica. 


Ainda, a companhia colaborou com a elaboração do Inventário Setorial do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), que visa auxiliar no processo de descarbonização do setor de óleo e gás até 2050. A Companhia também faz parte das empresas downstream em produção de derivados e biocombustíveis, logística e distribuição; venda e B2B. O inventário é base para contribuir na estratégia de transição energética do setor e nas políticas públicas de mudanças climáticas. 


O Grupo, que é signatário da TCFD, vem buscando adaptar o seu portfólio em busca de negócios mais sustentáveis, e bons exemplos disso são as aquisições da Stella Energia (energia renovável) e da NEOgás (biometano), realizadas por meio da Ultragaz. Já a Ipiranga é pioneira na recarga elétrica em postos de combustíveis e tem como estratégia a oferta de um mix de produtos e serviços alinhados à demanda do consumidor. 


No que diz respeito à gestão de temas sociais e ambientais em sua cadeia de valor, tem o compromisso de fazer com que todos os fornecedores e revendedores selecionados estejam engajados em práticas ESG. Tem a meta de garantir, até 2030, 100% dos fornecedores críticos e 100% dos revendedores selecionados com práticas de excelência e compromissos em ESG, respectivamente. 


Quanto à composição da alta gestão, apresenta baixa diversidade: apenas 20% de mulheres no Conselho de Administração e nenhuma na diretoria. Nesse sentido, possui as metas de atingir ao menos 50% de equidade de gênero e etnia na liderança executiva e 33% no Conselho de Administração até 2030. Destaca-se, ainda, que todos os executivos do Grupo Ultra têm sua remuneração variável associada ao desempenho de objetivos ESG da empresa. 


Apesar dos avanços apontados, o Grupo apresenta lacunas relevantes em tópicos materiais: não dispõe de compromissos com a preservação da biodiversidade ou monitora potenciais impactos de suas operações sobre a fauna e flora; e não há evidências de que adote processos de avaliação de desempenho e feedback periódicos de seus colaboradores ou de que cumpra a cota de contratação de jovens aprendizes. 


Por fim, a Companhia acumula condenações recentes por formação de cartel no mercado de distribuição e revenda de combustíveis em Santa Catarina e Minas Gerais. As multas dos processos em que o Grupo teve envolvimento somaram mais de R$ 49 milhões. O mercado de postos de combustíveis é um dos mais investigados pelo Cade por formação de cartel. 

Confira o Alerta ESG desta semana e cadastre-se para receber em primeira mão os principais fatos ESG em seu e-mail. 


Disclaimer: Este relatório não constitui uma recomendação de investimento. As informações contidas neste relatório são baseadas em fontes que a NINT (do inglês “natural intelligence), nova marca da prática de consultoria que atuou sob a marca SITAWI entre 2013 e 2021, acredita serem confiáveis. Entretanto, a precisão, completude e atualização destes dados não podem ser garantidas e, sob nenhuma circunstância, a NINT poderá ser responsabilizada pelas decisões estratégicas, de gestão ou quaisquer outras tomadas com base nas análises aqui apresentadas. Este relatório é de uso exclusivo de seu destinatário e não pode ser reproduzido ou distribuído, no todo ou em parte, a qualquer terceiro sem autorização expressa. 


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